SAUDADES

Saudades de tanta coisa!
De receber cartas do correio sem ser contas...
De receber e mandar cartões em datas como o Natal e aniversário, com a letra da pessoa desejando tantas coisas boas...

Saudades de minha irmã e sobrinha morando longe, longe, ao alcance da Web, mas distantes do toque, do cheiro, das sutilezas da presença que nenhuma câmera é capaz de captar.

Saudades de brincar na rua, de não ter preocupações com dinheiro, com filhos, com nada a não ser estudar; de poder andar de chinelos e descalça, correndo na rua de terra;
De sentar na beira de um rio e pescar com meu pai e todas minhas irmãs, e mamãe, que nos preparava salada de pepino, um prato de arroz e frango assado de padaria para passarmos o dia inteiro.

De ouvir na rádio quando eles queriam tocar a música preferida, daquele cantor/a ou banda que não tínhamos ainda o "disco" e só ouvíamos quando por acaso tocava na TV ou rádio locais;

Saudades de um tempo em que as autoridades eram respeitadas e todos ou melhor, muitos tinham valores morais desde pequenos, e sabedores de seus direitos e deveres não os desrespeitavam como hoje vemos tantos jovens, crianças e por vezes adultos fazendo.

Tive duas experiências ruins estes dias com relação a mudança de valores das pessoas.

Primeiro, perdi meu celular (telemóvel, em Portugal?).
Onde? Em frente de minha casa, do outro lado da calçada, mas eu não sabia.

Quem encontrou foi a filha de minha vizinha do lado. Que fizeram eles? Ao invés de tentar localizar o dono, através dos muitos contatos na agenda, simplesmente o deixaram desligado, tiraram o chip e apagaram qualquer dado ou vestígio do antigo dono, no caso, dona, que sou eu.

Pois bem. Não sou fã de celulares. Confesso, não gosto muito de andar grudada a este aparelhinho.
Vira e mexe, ele está descarregado, dentro de minha bolsa, do meu carro ou no armário, de casa ou da escola.
Na verdade, é mais usado para meu marido me ligar, guardar números de pessoas que encontro na rua, e eventualmente, bancos ou outros estabelecimentos comerciais me localizarem quando não estou em casa.
Tanto é que apesar de meu filho me ligar dizendo que estava tentando me encontrar pelo celular um certo dia em casa, só fui achar que havia perdido ele uma semana depois.
Achei que ele estava descarregado, em algum canto da casa ou até do carro, e só depois de procurar lá, pensei tê-lo perdido.
Pois é, coincidência ou não, na manhã do domingo, isto de procurar foi no sábado, uma vizinha veio cedo em casa, e a pretexto de pedir uma bobagem emprestada(uma folha de alface!?) disse ao meu marido que os outros vizinhos haviam achado um celular.
Vai de lá e vem de , perguntei se era assim e assado, enfim: era o meu.
Sem chip, ou melhor, com chip trocado, ligações redirecionadas para o numero de sei la quem, tudo apagado e com código de bloqueio, essa porcaria parece que agora não iria servir para mais nada, a não ser ver as horas e pra isso uso relógio ou para tacar na parede (vontade não faltou).

Bom, ainda tendo que PROVAR que o dito cujo era meu, fui na casa da vizinha na segunda explicar e perguntar se por acaso, vejam bem, haviam trocado o chip.

Sim achamos o celular e nem pensamos que fosse seu, trocamos o chip, mas imagina, se soubéssemos teríamos devolvido logo, na hora, foi o que disseram.

Perguntei : Não viram os nomes de João, Jean, Ivan, casa?
(marido e filhos e o telefone daqui de casa)
_Não, se tivesse visto, já saberia que era seu, mas as crianças mexeram em tudo e devem ter apagado, só vimos uma tal de Ana, mas aqui na rua não tem nenhuma Ana, então achamos que era de alguém de longe...
(Ana é minha irmã, ia saber que era meu se ligassem para ela. )
E na verdade, disse ainda, quando achei, nem pensei em procurar o dono, pois se o dono que procurasse e ligasse - como(?), se o telefone estava sem o chip e descarregado eu me pergunto...
Enfim, deste episódio fica uma pergunta: Celular achado não é roubado?
Se o nome de varias pessoas conhecidas do dono estão la, e ate o da casa, não é o correto ligar e dizer," olha estamos com seu celular, venha aqui para buscar..." ou coisa que o valha?
ACHEI, é MEU....?????

Será que meus valores são tão diferentes do da maioria das pessoas?
Será que a lerda sou eu, de não perceber logo a perda e ligar atrás e então , passado uns dias, azar, já era?

Juro que não sei.
Este post está longo demais, mas fica como desabafo, pois a maré de azar foi grande, e esse episódio detalhado só ilustra uma perda.
A outra foi de nossa máquina de fotografia digital, que ao levarmos para ver se tinha conserto, esquecemos no Shopping.
Dois dias depois ao procurar, cadê? Já era.
Poxa, mas não acharam que tem dono, não poderiam ter entregue na administração do shopping?
Não.
Se fosse um boné talvez devolvessem, mas coisa de valor....Foi o que ouvimos da segurança do mesmo.

Fazer o que?

Comentários

Sabe o que é mais interessante?
As pessoas em geral em relação aos politicos tem sempre frases feitas, sobre corrupção e coisa e tal.
Trabalho numa rede de supermercados e todos os dias as pessoas cometem pequenos delitos, seja a cerveja ou refri que se toma fazendo compras, salgadinhos, todynho, bombom, yogurte...
Trabalho na controladoria e fico de cara, é pilha, chupeta de bebê,
mamadeira, creme dental e tantas outras coisas mais absurdas Dri que enoja.
blerg!!!
Beijos e muita paz.
Olá flor
Até mesmo um boné. É que tenho o caso dum boné que deixei num café num sítio onde até sou conhecido mas, como era de marca conhecida, nunca mais o vi.
As pessoas são assim. E à medida que as comunidades vão crescendo demograficamente pior ainda. É como se fôssemos mais uma formiga no formigueiro imenso das estatísticas.
E as estatísticas não abonam nada a favor do Homem. Afinal continuamos a comportarmo-nos como bichos!...
Bj
António